terça-feira, 9 de abril de 2013

Especial em homenagem as mães,Depoimento de Ana Elizabeth.

Olá gentemmm!!!!

Estive fora do ar por uns dias,estava cuidando da minha prole,mas já estou aqui e cheia de energias,estes dias fora me fizeram pensar em algumas maneiras de homenagear as mães  afinal já já esta chegando o dia,e por acreditar que todos os dias SÃO LITERALMENTE ESTE DIA resolvi fazer diferente,este ano meu carinho vai estar em forma de depoimentos,pedi para algumas mulheres escreverem sobre suas experiencias sejam elas quais sejam de maternidade assim veremos que esta homenagem quem nos fez foi Deus que nos deu este presente como dom....

Os depoimentos serão colocados aqui na integra exatamente como foram descritos por elas, vou adorar contar as suas histórias,o texto e a emoção serão delas e o prazer todinho nosso.

Pedi que se pudessem ou coubesse  em seus relatos falassem a respeito de receitas especiais entre mães e filhos,e para algumas farei pequenas sugestões se  assim couber.

Pensei muito em dar inicio com a minha história como mãe,mas ao receber a da Ana ,que eu prefiro chamar simplesmente de Aninha, senti uma grande emoção,seu texto bem escrito e cheio de amor transbordou em mim de uma maneira que finalmente resolvi que encerrarei este ciclo,pois só assim seria mais justo.





Vamos a elas,a primeira:


Aproveitem esta que Foi escrita com muito Carinho pela Aninha!!!!










A pedido da minha prima Simone, vou contar um pouco sobre o parto do Lucas. Já faz tempo que eu estou procrastinando o meu relato de parto, mesmo. Tá na hora!
Lucas nasceu na sala do nosso apartamento em Leuven, Bélgica, no dia 11 de junho de 2011. Escolhi parto domiciliar porque nunca vi o nascimento como um evento médico. Não gosto da ideia de que parto é algo perigoso, tipo uma bomba-relógio prestes a explodir. Parir é bom. Empodera. Tem dor sim, mas não sofrimento. É um dia feliz! A cada intervalo entre as contrações eu chegava a dormir dentro da banheira, encostada no meu marido. Num parto natural, ninguém te toca sem que haja o teu consentimento. Tive dois exames de toque (que toque, nem senti!) a meu pedido, pra checar a dilatação. No primeiro, já estava com uns seis dedos. O segundo mostrou dilatação total. Minha parteira, que cuidou de mim durante toda a gestação, olhava-me com carinho e reverência. Media os batimentos do bebê com frequência, dentro da água mesmo. Lembro-me de um momento em que ela usou o doppler  durante uma contração, e exclamou ‘é um atleta!’. 
O Lucas nasceu quando eu estava com 40 semanas e três dias de gravidez. Lembro de ter acordado às 3 e 20 da manhã com cólicas leves, e já perdendo um pouco de líquido, junto com o sinalzinho de sangue. Avisei o Marcelo que o nenê nasceria no dia seguinte e voltei a dormir. Tive um pesadelo: os vizinhos podiam espiar meu parto através de um buraco na parede! Marcelo me acordou e abraçou, eu me acalmei e voltei a dormir. Sonhei com um entardecer lindo na praia, com o barulho das ondas. Acordei por volta das 7 e meia, como usual. Combinei com o Marcelo de não revelarmos pros meus pais e minha sogra (que estavam lá na Bélgica) que eu já estava em pródromos. Não queríamos despertar a ansiedade de ninguém. Não ia ajudar em nada. Liguei para minha linda parteira Barbara e deixei-a de sobreaviso.
O dia foi passando, almoçamos calmamente a comida preparada pelo meu pai. Lá pelas duas e meia da tarde, disse a todos que o bebê ia nascer e que precisávamos de calma e privacidade. Os avós seguiram para seus hotéis. Lembro então de sentar-me numa cadeira confortável no meu quarto, de frente pra bela vista da minha janela. E fechar os olhos, respirar profundamente  e deixar o processo seguir em frente. A partir daí, fui perdendo a noção do tempo. Entrei num estado de consciência que a minha obstetra brasileira, Dra. Carla Polido, chama de ‘Partolândia’. Nesse estado, o cérebro racional cede terreno para o mundo das emoções mais viscerais.
Num parto natural, tudo o que favorece a dilatação e a descida do bebê precisa ser favorecido. Andamos, se sentimos vontade. Comemos, se sentimos fome.  A movimentação livre facilita bastante o processo. Lembro-me de que, de pé, as contrações ficavam muito fortes. Peguei um rodo e usei-o como bengala por um tempo. Depois deitei-me no sofá da sala, vocalizando. O Marcelo ajudava-me fazendo a contagem das contrações. Chamaríamos a Barbara quando o intervalo estivesse menor do que 5 minutos entre cada onda.
Esse momento chegou lá pelas seis da tarde. Barbara disse que estaria lá em cinco minutos. Ela chegou e sorriu para mim. Seu olhar não era de preocupação, de ansiedade, nem  era um olhar técnico. Era o olhar de uma mulher que conhece e admira a capacidade feminina de gestar e parir. Eu e  o Marcelo seguimos com a contagem das contrações, e a Barbara disse, rindo um pouco: não precisam mais contar! Perguntei a ela: já posso ir pra banheira?





 Ela disse: claro! Num piscar de olhos de parturiente, a banheira estava montada no meio da minha sala, cheia de água quentinha. A sensação foi maravilhosa, a dor das contrações diminuiu muitíssimo. Daí pra frente, não me lembro de muita coisa.
Transcorrido algum tempo desde que eu havia atingido a dilatação total, o trabalho deu uma parada. A parteira auxiliar, Ann, chegou. Era sinal de que o bebê estava próximo. Eu sentia muita sede. Lembro de ter tomado vários copos d’água. Ann sugeriu que eu comesse alguma coisa, mas eu recusei.  Barbara perguntou-me se havia algo que eu quisesse falar. Ela tentava facilitar a minha entrega ao expulsivo, a hora de fazer força e deixar o bebê nascer. Esse é o momento da transição do trabalho de dilatação para o trabalho de expulsão. É a hora  em que as mulheres costumam querer entregar os pontos, pedir anestesia, cesárea, etc. Eu disse ‘não consigo mais, não vai dar’. As duas parteiras prontamente disseram que eu estava indo muitíssimo bem, que o Lucas estava a caminho.  E então veio uma contração diferente. Não era mais contração, era força.
Barbara gentilmente sugeriu que eu mudasse de posição na banheira. Até então, eu tinha ficado sentada, com a cabeça recostada na borda macia da piscina inflável. Então, virei-me e fiquei em quatro apoios. Mas a dor foi muito intensa e eu não consegui. Então, tentamos a banqueta de parto (um banquinho que dá passagem ao bebê, permitindo confortavelmente a posição de cócoras). Foi ótimo! O Marcelo me apoiava por trás, e a Barbara ficava na minha frente. Ela preparou as compressas mornas pra fazer a proteção do períneo. E eu não deixei que ela fizesse isso. Até hoje não sei porque. Lembro que estava intolerante ao mínimo toque. Nem meu marido podia me tocar muito. Coisa irracional, mesmo. Como profissional respeitosa e humana, ela não forçou a barra. Eu havia deixado bem claro no meu plano de parto que não queria nem uma intervenção sem consentimento. Ela respeitou isso, mesmo visivelmente contrariada. Se eu tivesse contratado uma doula, provavelmente a história teria sido diferente. Mas eu ainda não sabia o quão importante uma doula é em um trabalho de parto. Pena.
Seguiram então os puxos. Acho que foram uns sete, no total. No início, fazia uma só força, mais espaçada. Depois, a Ann sugeriu que, quando viesse a vontade de empurrar, eu fizesse duas forças. Pra quê? Eu resolvi que faria três... O círculo de fogo (momento em que a cabecinha do bebê distende todo o tecido perineal) foi rápido pra caramba. Esse momento não doeu, absolutamente.  Foi o momento mais fácil do parto.


E o Lucas chegou! Lindo,  e com uma bela volta de cordão em volta do pescoço. No Brasil, seria indicação pra uma cesariana (totalmente desnecessária) na mão de 99% dos obstetras.  Deu –nos um chorinho de ‘oi, cheguei’. Não parecia nada assustado. Barbara entregou-me o meu ‘pacotinho’ embrulhado numa toalha vermelha. Ele agarrou meu dedo e ficou ali, aconchegado e tranquilo. Todos sorriam no meio daquele burburinho. Foi maravilhoso recebê-lo num ambiente de carinho, de alegria por uma criança desejada e que chegava ao mundo cercada de amor e de cuidado. Lembro de ele fazer um barulhinho de sucção da mãozinha. Muito fofo, todos sorriram ao ouvir um som tão gostoso. A Ann, com uma habilidade incrível, colocou-o no meu peito esquerdo e ele mamou imediatamente. Assim, sem nenhuma dificuldade. Fiquei admirada com a força da sucção dele. Barbara o vestiu e pesou. Três quilos e quatrocentas!
Após esse momento, esperamos pela placenta, que não demorou. Barbara me examinou e constatou que eu havia tido duas pequenas lacerações. Pela localização delas (próximas à mucosa anal), ela preferiu que o procedimento fosse realizado no hospital ao lado do nosso prédio, pois eu precisaria de antibióticos por algum tempo. Pra meu total desapontamento, fomos todos pra lá. Ann escreveu-nos um bilhetinho: ‘Parto do mês, parabéns!’ Beijou-nos carinhosamente e desejou-nos muitas felicidades.
Seguimos de carro com a Barbara por uns 200 metros, até o hospital. Laceração é uma coisa supercomum e que não inspira maiores cuidados, num parto natural. Mas meu tipo de laceração foi considerado uma intercorrência, um caso raro. Eu fiz muita força e o Lucas nasceu rápido demais. Normalmente, as parteiras suturam em casa mesmo. Mas não no meu caso. Eu precisaria de antibióticos na veia por algum tempo. Um balde de água fria, sem dúvida. Eu esperava ter meu filho, tomar um banho, comer e ir dormir na minha cama... Mas minha parteira preferiu não arriscar e eu concordei com ela. Mesmo assim, estávamos nas nuvens.
Posteriormente, vim a saber que mesmo lacerações perineais severas não são tão traumáticas quanto a prática da episiotomia, que não é mais recomendada há muitas décadas, e mesmo assim é feita rotineiramente no Brasil. A recuperação do períneo, pra quem sofreu episiotomia, envolve cinco grupos musculares e leva muito tempo. Já a laceração cicatriza facilmente, os tecidos ficam preservados e a recuperação leva algumas semanas.
Fui muitíssimo bem tratada no hospital também. Lá não existe berçário. Os bebês ficam o tempo todo ao lado da mãe. Ninguém pode espetar nada, nem colocar a mão no bebê sem o consentimento dos pais. Barbara ficou comigo lá até quase amanhecer. E seguiu acompanhando a mim e ao Lucas em casa por algumas semanas, pra ajudar na amamentação, ou em qualquer outra dificuldade que pudesse surgir.
Enfim, essa foi uma experiência ímpar, a realização de um grande sonho e também uma passagem para um mundo novo, o mundo da maternagem. Mundo do qual não quero mais sair, já que estou prestes a  me tornar doula certificada. Quero acompanhar muitas gestações e muitos partos, ver crianças chegarem ao mundo de forma respeitosa e humana. Quero participar ativamente da mudança de paradigma no atendimento obstétrico no Brasil, algo que já está acontecendo.  E se tiver a graça de ter outro filho, quero muito ter outro parto no conforto da minha casa.



São Carlos, 9 de abril de 2013.


Amei Aninha!!!!
Bjs no coração de todos ,espero que tenham gostado como eu.


4 comentários:

  1. Nossa muito lindo o depoimento da Ana. Uma mulher de coragem!!!Cibele

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  2. Adorei escrever o relato, gurias. Achei que não sairia muito bom pela questão da falta de noção de tempo durante o parto. Pra minha surpresa, saiu bem certinho. Um verdadeiro parto natural, rsrsrsr. Obrigada pelo carinho! bjs Ana Elizabeth

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    1. Sempre é bom quando aprendemos algo e é muito mais especial quando é ensinado com este amor e emoção que tu colocaste.
      Obrigada mais uma vez por dividir com a gente.

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