Estive fora do ar por uns dias,estava cuidando da minha prole,mas já estou aqui e cheia de energias,estes dias fora me fizeram pensar em algumas maneiras de homenagear as mães afinal já já esta chegando o dia,e por acreditar que todos os dias SÃO LITERALMENTE ESTE DIA resolvi fazer diferente,este ano meu carinho vai estar em forma de depoimentos,pedi para algumas mulheres escreverem sobre suas experiencias sejam elas quais sejam de maternidade assim veremos que esta homenagem quem nos fez foi Deus que nos deu este presente como dom....
Os depoimentos serão colocados aqui na integra exatamente como foram descritos por elas, vou adorar contar as suas histórias,o texto e a emoção serão delas e o prazer todinho nosso.
Pedi que se pudessem ou coubesse em seus relatos falassem a respeito de receitas especiais entre mães e filhos,e para algumas farei pequenas sugestões se assim couber.
Pensei muito em dar inicio com a minha história como mãe,mas ao receber a da Ana ,que eu prefiro chamar simplesmente de Aninha, senti uma grande emoção,seu texto bem escrito e cheio de amor transbordou em mim de uma maneira que finalmente resolvi que encerrarei este ciclo,pois só assim seria mais justo.
Vamos a elas,a primeira:
Aproveitem esta que Foi escrita com muito Carinho pela Aninha!!!!
A pedido da minha prima Simone, vou contar um pouco sobre o
parto do Lucas. Já faz tempo que eu estou procrastinando o meu relato de parto,
mesmo. Tá na hora!
Lucas nasceu na sala do nosso apartamento em Leuven,
Bélgica, no dia 11 de junho de 2011. Escolhi parto domiciliar porque nunca vi o
nascimento como um evento médico. Não gosto da ideia de que parto é algo
perigoso, tipo uma bomba-relógio prestes a explodir. Parir é bom. Empodera. Tem
dor sim, mas não sofrimento. É um dia feliz! A cada intervalo entre as
contrações eu chegava a dormir dentro da banheira, encostada no meu marido. Num
parto natural, ninguém te toca sem que haja o teu consentimento. Tive dois
exames de toque (que toque, nem senti!) a meu pedido, pra checar a dilatação.
No primeiro, já estava com uns seis dedos. O segundo mostrou dilatação total.
Minha parteira, que cuidou de mim durante toda a gestação, olhava-me com
carinho e reverência. Media os batimentos do bebê com frequência, dentro da
água mesmo. Lembro-me de um momento em que ela usou o doppler durante uma contração, e exclamou ‘é um
atleta!’.
O Lucas nasceu quando eu estava com 40 semanas e três dias de gravidez. Lembro de ter acordado às 3 e 20 da manhã com cólicas leves, e já perdendo um pouco de líquido, junto com o sinalzinho de sangue. Avisei o Marcelo que o nenê nasceria no dia seguinte e voltei a dormir. Tive um pesadelo: os vizinhos podiam espiar meu parto através de um buraco na parede! Marcelo me acordou e abraçou, eu me acalmei e voltei a dormir. Sonhei com um entardecer lindo na praia, com o barulho das ondas. Acordei por volta das 7 e meia, como usual. Combinei com o Marcelo de não revelarmos pros meus pais e minha sogra (que estavam lá na Bélgica) que eu já estava em pródromos. Não queríamos despertar a ansiedade de ninguém. Não ia ajudar em nada. Liguei para minha linda parteira Barbara e deixei-a de sobreaviso.
O Lucas nasceu quando eu estava com 40 semanas e três dias de gravidez. Lembro de ter acordado às 3 e 20 da manhã com cólicas leves, e já perdendo um pouco de líquido, junto com o sinalzinho de sangue. Avisei o Marcelo que o nenê nasceria no dia seguinte e voltei a dormir. Tive um pesadelo: os vizinhos podiam espiar meu parto através de um buraco na parede! Marcelo me acordou e abraçou, eu me acalmei e voltei a dormir. Sonhei com um entardecer lindo na praia, com o barulho das ondas. Acordei por volta das 7 e meia, como usual. Combinei com o Marcelo de não revelarmos pros meus pais e minha sogra (que estavam lá na Bélgica) que eu já estava em pródromos. Não queríamos despertar a ansiedade de ninguém. Não ia ajudar em nada. Liguei para minha linda parteira Barbara e deixei-a de sobreaviso.
O dia foi passando, almoçamos calmamente a comida preparada
pelo meu pai. Lá pelas duas e meia da tarde, disse a todos que o bebê ia nascer
e que precisávamos de calma e privacidade. Os avós seguiram para seus hotéis.
Lembro então de sentar-me numa cadeira confortável no meu quarto, de frente pra
bela vista da minha janela. E fechar os olhos, respirar profundamente e deixar o processo seguir em frente. A partir
daí, fui perdendo a noção do tempo. Entrei num estado de consciência que a
minha obstetra brasileira, Dra. Carla Polido, chama de ‘Partolândia’. Nesse
estado, o cérebro racional cede terreno para o mundo das emoções mais
viscerais.
Num parto natural, tudo o que favorece a dilatação e a
descida do bebê precisa ser favorecido. Andamos, se sentimos vontade. Comemos,
se sentimos fome. A movimentação livre
facilita bastante o processo. Lembro-me de que, de pé, as contrações ficavam
muito fortes. Peguei um rodo e usei-o como bengala por um tempo. Depois
deitei-me no sofá da sala, vocalizando. O Marcelo ajudava-me fazendo a contagem
das contrações. Chamaríamos a Barbara quando o intervalo estivesse menor do que
5 minutos entre cada onda.
Esse momento chegou lá pelas seis da tarde. Barbara disse
que estaria lá em cinco minutos. Ela chegou e sorriu para mim. Seu olhar não
era de preocupação, de ansiedade, nem
era um olhar técnico. Era o olhar de uma mulher que conhece e admira a
capacidade feminina de gestar e parir. Eu e
o Marcelo seguimos com a contagem das contrações, e a Barbara disse,
rindo um pouco: não precisam mais contar! Perguntei a ela: já posso ir pra
banheira?
Ela disse: claro! Num piscar de olhos de parturiente, a banheira estava montada no meio da minha sala, cheia de água quentinha. A sensação foi maravilhosa, a dor das contrações diminuiu muitíssimo. Daí pra frente, não me lembro de muita coisa.
Ela disse: claro! Num piscar de olhos de parturiente, a banheira estava montada no meio da minha sala, cheia de água quentinha. A sensação foi maravilhosa, a dor das contrações diminuiu muitíssimo. Daí pra frente, não me lembro de muita coisa.
Transcorrido algum tempo desde que eu havia atingido a
dilatação total, o trabalho deu uma parada. A parteira auxiliar, Ann, chegou.
Era sinal de que o bebê estava próximo. Eu sentia muita sede. Lembro de ter
tomado vários copos d’água. Ann sugeriu que eu comesse alguma coisa, mas eu
recusei. Barbara perguntou-me se havia
algo que eu quisesse falar. Ela tentava facilitar a minha entrega ao expulsivo,
a hora de fazer força e deixar o bebê nascer. Esse é o momento da transição do
trabalho de dilatação para o trabalho de expulsão. É a hora em que as mulheres costumam querer entregar
os pontos, pedir anestesia, cesárea, etc. Eu disse ‘não consigo mais, não vai
dar’. As duas parteiras prontamente disseram que eu estava indo muitíssimo bem,
que o Lucas estava a caminho. E então
veio uma contração diferente. Não era mais contração, era força.
Barbara gentilmente sugeriu que eu mudasse de posição na
banheira. Até então, eu tinha ficado sentada, com a cabeça recostada na borda
macia da piscina inflável. Então, virei-me e fiquei em quatro apoios. Mas a dor
foi muito intensa e eu não consegui. Então, tentamos a banqueta de parto (um
banquinho que dá passagem ao bebê, permitindo confortavelmente a posição de
cócoras). Foi ótimo! O Marcelo me apoiava por trás, e a Barbara ficava na minha
frente. Ela preparou as compressas mornas pra fazer a proteção do períneo. E eu
não deixei que ela fizesse isso. Até hoje não sei porque. Lembro que estava
intolerante ao mínimo toque. Nem meu marido podia me tocar muito. Coisa
irracional, mesmo. Como profissional respeitosa e humana, ela não forçou a
barra. Eu havia deixado bem claro no meu plano de parto que não queria nem uma
intervenção sem consentimento. Ela respeitou isso, mesmo visivelmente
contrariada. Se eu tivesse contratado uma doula, provavelmente a história teria
sido diferente. Mas eu ainda não sabia o quão importante uma doula é em um
trabalho de parto. Pena.
Seguiram então os puxos. Acho que foram uns sete, no total.
No início, fazia uma só força, mais espaçada. Depois, a Ann sugeriu que, quando
viesse a vontade de empurrar, eu fizesse duas forças. Pra quê? Eu resolvi que
faria três... O círculo de fogo (momento em que a cabecinha do bebê distende
todo o tecido perineal) foi rápido pra caramba. Esse momento não doeu,
absolutamente. Foi o momento mais fácil
do parto.
E o Lucas chegou! Lindo,
e com uma bela volta de cordão em volta do pescoço. No Brasil, seria
indicação pra uma cesariana (totalmente desnecessária) na mão de 99% dos
obstetras. Deu –nos um chorinho de ‘oi,
cheguei’. Não parecia nada assustado. Barbara entregou-me o meu ‘pacotinho’
embrulhado numa toalha vermelha. Ele agarrou meu dedo e ficou ali, aconchegado
e tranquilo. Todos sorriam no meio daquele burburinho. Foi maravilhoso
recebê-lo num ambiente de carinho, de alegria por uma criança desejada e que
chegava ao mundo cercada de amor e de cuidado. Lembro de ele fazer um
barulhinho de sucção da mãozinha. Muito fofo, todos sorriram ao ouvir um som
tão gostoso. A Ann, com uma habilidade incrível, colocou-o no meu peito
esquerdo e ele mamou imediatamente. Assim, sem nenhuma dificuldade. Fiquei
admirada com a força da sucção dele. Barbara o vestiu e pesou. Três quilos e
quatrocentas!
Após esse momento, esperamos pela placenta, que não demorou.
Barbara me examinou e constatou que eu havia tido duas pequenas lacerações.
Pela localização delas (próximas à mucosa anal), ela preferiu que o
procedimento fosse realizado no hospital ao lado do nosso prédio, pois eu
precisaria de antibióticos por algum tempo. Pra meu total desapontamento, fomos
todos pra lá. Ann escreveu-nos um bilhetinho: ‘Parto do mês, parabéns!’ Beijou-nos
carinhosamente e desejou-nos muitas felicidades.
Seguimos de carro com a Barbara por uns 200 metros, até o
hospital. Laceração é uma coisa supercomum e que não inspira maiores cuidados,
num parto natural. Mas meu tipo de laceração foi considerado uma
intercorrência, um caso raro. Eu fiz muita força e o Lucas nasceu rápido
demais. Normalmente, as parteiras suturam em casa mesmo. Mas não no meu caso.
Eu precisaria de antibióticos na veia por algum tempo. Um balde de água fria,
sem dúvida. Eu esperava ter meu filho, tomar um banho, comer e ir dormir na
minha cama... Mas minha parteira preferiu não arriscar e eu concordei com ela.
Mesmo assim, estávamos nas nuvens.
Posteriormente, vim a saber que mesmo lacerações perineais
severas não são tão traumáticas quanto a prática da episiotomia, que não é mais
recomendada há muitas décadas, e mesmo assim é feita rotineiramente no Brasil.
A recuperação do períneo, pra quem sofreu episiotomia, envolve cinco grupos
musculares e leva muito tempo. Já a laceração cicatriza facilmente, os tecidos
ficam preservados e a recuperação leva algumas semanas.
Fui muitíssimo bem tratada no hospital também. Lá não existe
berçário. Os bebês ficam o tempo todo ao lado da mãe. Ninguém pode espetar
nada, nem colocar a mão no bebê sem o consentimento dos pais. Barbara ficou
comigo lá até quase amanhecer. E seguiu acompanhando a mim e ao Lucas em casa
por algumas semanas, pra ajudar na amamentação, ou em qualquer outra
dificuldade que pudesse surgir.
Enfim, essa foi uma experiência ímpar, a realização de um
grande sonho e também uma passagem para um mundo novo, o mundo da maternagem.
Mundo do qual não quero mais sair, já que estou prestes a me tornar doula certificada. Quero acompanhar
muitas gestações e muitos partos, ver crianças chegarem ao mundo de forma
respeitosa e humana. Quero participar ativamente da mudança de paradigma no
atendimento obstétrico no Brasil, algo que já está acontecendo. E se tiver a graça de ter outro filho, quero
muito ter outro parto no conforto da minha casa.
São Carlos, 9 de abril de 2013.
Amei Aninha!!!!
Bjs no coração de todos ,espero que tenham gostado como eu.
Nossa muito lindo o depoimento da Ana. Uma mulher de coragem!!!Cibele
ResponderExcluirAdorei ,muito emocionante.
Excluirbja
Adorei escrever o relato, gurias. Achei que não sairia muito bom pela questão da falta de noção de tempo durante o parto. Pra minha surpresa, saiu bem certinho. Um verdadeiro parto natural, rsrsrsr. Obrigada pelo carinho! bjs Ana Elizabeth
ResponderExcluirSempre é bom quando aprendemos algo e é muito mais especial quando é ensinado com este amor e emoção que tu colocaste.
ExcluirObrigada mais uma vez por dividir com a gente.